Cem anos de imprensa dominicana (1900-2000)

CONVENTO DE S. DOMINGOS: O RESTAURO DA MEMÓRIA

Um dos edifícios mais marcantes e pleno de história da cidade está a ser, finalmente, objecto de recuperação. Desde 2001 propriedade da Fundação da Juventude, o chamado Edifício Douro, no Largo de S. Domingos, albergará em breve um espaço destinado ao apoio a jovens artistas e outras valências, o anunciado Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, projecto visando a criação de um pólo de desenvolvimento cultural, social e económico na Baixa portuense.

O edifício em causa é a única parte que resta do Convento de São Domingos, que tinha a invocação de Convento de Nossa Senhora dos Fiéis de Deus, o mais antigo da cidade do Porto. Criada a Ordem dos Pregadores em 1216, logo no ano seguinte, Fr. Sueiro Gomes, um dos primeiros companheiros do fundador da ordem (S. Domingos de Gusmão), regressa a Portugal. Instalando-se inicialmente em Montejunto, no Cadaval (1217) veio a fundar em Santarém o primeiro convento dominicano português (1221, logo seguido do de Coimbra ( 1227). Continuar a ler

NOS 90 ANOS DA FRATERNIDADE DO PORTO

A 6 de Janeiro de 1917 várias senhoras realizam o ritual de admissão às Fraternidades Leigas de São Domingos (então designadas de Ordem Terceira Dominicana), na Igreja de Cedofeita e perante o Fr. José Lourenço, um dos 3 frades dominicanos portugueses então a viver em Portugal.

Era o início do renascimento do Laicado Dominicano.

Desse momento e das primeiras vivências daquela comunidade dominicana temos relato na primeira pessoa para o período de 1917 a 1938 por intermédio do relatório apresentado por Carolina Melo e Faro, no Primeiro Congresso da Ordem Terceira que ocorreu em 1938.

Desde 1917 realizavam-se reuniões mensais onde “para além da instrução que recebemos, temos umas horas de convívio que pode contribuir para a união das nossas irmãs”. No entanto, “era pouco estas horas de mês a mês para estreitar laços de família”. Assim e a partir de Novembro de 1924, passaram a reunir-se semanalmente “nas quais, além de buscarmos em boas leituras conhecimentos  que nos criasse o verdadeiro espírito dominicano, utilizássemos as nossas aptidões femininas, produzindo trabalhos, cujo produto iria prestar auxílio a essa grande obra, o Seminário Dominicano.” Tais trabalhos permitiram em 1927 enviar um generoso contributo para o referido Seminário e custear a edição de um livro “de grande valor espiritual” em 1930, embora não seja indicado o seu título.

Em 1937, contando com 59 membros, continuavam a realizar-se as reuniões semanais e a Fraternidade, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário, tinha a seu cargo diversas tarefas apostólicas: a Administração da Revista “Rosa Mística” editada pelos frades dominicanos; a divulgação e administração do Rosário Perpétuo; a Liga Apostólica e uma Biblioteca de Assinatura.

A 27 de Setembro de 1937 instalam-se os Frades dominicanos na cidade do Porto, na Rua Clemente Menéres, nº88, deixando definitivamente Mogofores,. Realizadas obras de adaptação de um Capela, foi a mesma benzida no dia 1 de Outubro e ali passou a Fraternidade a reunir-se desde  Janeiro de 1938.

Por seu turno, em 1935, na Igreja da Trindade, Fr. Gil Alferes, director da Ordem Terceira em Portugal, fundou uma outra Fraternidade, esta exclusivamente masculina, igualmente sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário, reunindo-se  a partir de 1938 na casa da comunidade dos frades.

Em 1938 realiza-se em Coimbra, no Colégio de São José, pertença da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, o 1º Congresso da Ordem Terceira em Portugal que contou com a presença de dezenas de delegados de todo o país.

A 14 de Agosto de 1949 deixam os frades dominicanos as instalações da rua Clemente Menéres e mudam-se para a Rua Afonso de Albuquerque, nº36. Formam essa nova comunidade Fr. Estevão de Faria (prior), Fr. Gonçalo Tavares, Fr. Jordão de Oliveira, do Fr. Bartolomeu Martins e dois irmãos cooperadores: Fr. Tomás Alves e Fr. Reginaldo dos Santos.

A intenção da instalação dos frades dominicanos naquela  zona da cidade visava a construção de uma Igreja e respectivo convento da Ordem, correspondendo a um pedido do Bispo do Porto.

A Câmara Municipal do Porto ofereceu o direito de superfície sobre um terreno que possuía na zona, dando-se início imediato à construção da Igreja e Convento. É de salientar que tal construção foi inteiramente suportada e custeada por intermédio de peditórios, leilões, tômbolas e donativos realizados pelos membros da Ordem Terceira Dominicana do Porto e muitas outras pessoas residentes naquela zona da cidade do Poro.

A 24 de Maio de 1953 é consagrada a cripta do novo Convento de Cristo-Rei, então em construção, e nesse mesmo dia é fundada uma nova Fraternidade – a Fraternidade de Cristo-Rei, a qual contava com seis membros: Teresa D’Antas Figueiredo,  Maria José Bonifácio, Margarida Ferreira Linhares, Maria dos Anjos Ginesta, Maria Adriana Sampaio e Lia Madeira.

Em 1989, por decisão dos respectivos Conselhos, as Fraternidades de Nossa Senhora do Rosário e a de Cristo-Rei fundem-se numa única Fraternidade, designada de São Domingos no Porto (Cristo-Rei e Nossa Senhora do Rosário), passando a ter como local de reunião o Convento de Cristo-Rei.

Esta Fraternidade mantêm-se em actividade, participando activamente nas iniciativas das Fraternidades Leigas de São Domingos e da Família Dominicana, reunindo mensalmente todos os 3º sábados. Conta actualmente com cerca de 40 membros e tem como seu promotor local o Fr. João Leite.


Revista «Rosa Mística» nº11;

Na altura (1937) trata-se do Seminário Apostólico Dominicano, situado em Olival, perto de Ourém;

Consistia na coordenação de um grupo vasto de pessoas que assumiam o compromisso solene de rezar pelo menos um terço por dia a certa e determinada hora, por forma que em qualquer altura do dia ou da noite, houvesse sempre alguém recitando aquela oração;

Era uma associação dedicada à angariação de fundos e realização de iniciativas locais por forma a sustentar os seminaristas dominicanos;

Tratava-se de um conjunto de livros de caris religioso para formação dos membros da Fraternidade e da qual existia uma relação das obras disponíveis, apontando-se os nomes a quem se emprestava e data de retorno do mesmo;

in Rosário de Maria, ano II, nº4;

in Rosário de Maria, nº 11, ano I

in ”Laicado Dominicano”, nº 187, setembro de 1989;

Fr. Estevão de Faria, in Relatório do Promotor da Ordem Terceira, 1989, edição das Fraternidades Leigas de São Domingos, Porto, 2001;

in Laicado Dominicano,  nº186;